David Hume: Da associação de ideias como princípio da imaginação (Trechos 4 e 5)

4. Entretanto, embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mais minucioso, que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de ouro, apenas unimos duas ideias compatíveis, ouro e montanha, que outrora conhecêramos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, pois o sentimento que temos de nós mesmos nos permite conceber a virtude e podemos uni-la à figura e forma de um cavalo, que é um animal bem conhecido. Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam de nossas sensações externas ouinternas; mas a mistura e composição deles dependem do espírito e da vontade. Ou melhor, para expressar-me em linguagem filosófica: todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas.

5. Para prová-lo, espero que serão suficientes os dois argumentos seguintes. Primeiro, se analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais compostos ou sublimes que sejam, sempre verificamos que se reduzem a ideias tão simples como eram as cópias de sensações precedentes. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem mais distantes desta origem mostram-se, sob um escrutínio minucioso, derivadas dela. A ideia de Deus, significando o Ser infinitamente inteligente, sábio e bom, nasce da reflexão sobre as operações de nosso próprio espírito, quando aumentamos indefinidamente as qualidades de bondade e de sabedoria. Podemos continuar esta investigação até a extensão que quisermos, e acharemos sempre que cada ideia que examinamos é cópia de uma impressão semelhante. Aqueles que dizem que esta afirmação não é universalmente verdadeira, nem sem exceção, têm apenas um método, e em verdade fácil, para refutá-la: mostrar uma ideia que, em sua opinião, não deriva desta fonte. Incumbir-nos-ia então, se quiséssemos preservar nossa doutrina, de mostrar a impressão ou percepção mais viva que lhe corresponde.

Questão proposta

Explique a teoria da imaginação de David Hume com base no princípio da associação de ideias descritos nos exemplos da ideia de uma“montanha de ouro” e da ideia de Deus.

Metafísica: noções gerais, breves considerações

Metafísica é uma palavra de origem grega. É o resultado da reunião de duas expressões, a saber, “meta” e “physis”. Meta significa “além de”, e physis podemos traduzir por “natureza” . Metafísica significa então: Investigações além da natureza.

Para definir melhor metafísica vamos diferenciá-la das chamadas Ciências da Natureza. As ciências da natureza, como o próprio nome indica, se ocupa em investigar, determinar e examinar as propriedades daquilo que existe e se encontra na natureza, seja na forma de objetos, seja na forma de fenômenos. Entendemos por Ciências da Natureza a Física, a Química, a Biologia, Geografia (física) como principais.

A metafísica, além de Investigações da natureza, se interessa por temas, sobretudo que podemos indicar como situados no plano das idéias. Assim, são temas de metafísica:

• O conhecimento
• O modo como conhecemos
• O que é um conceito
• Como os sentidos (visão e audição, por exemplo) atuam em nosso processo de conhecer as coisas
• Como se forma a nossa imaginação
• O que é uma sensação
• A importância da memória e aprendizado em nosso acúmulo de experiência
• O que é uma intuição
• O que é o entendimento
• Como os afetos ou as emoções (em filosofia chamamos a isso “Phatos”) podem ou não interferir em nossa busca por um conhecimento seguro

De todo, uma metafísica aborda temas que apenas podemos nos referir como situados no plano do pensamento, não encontrando na natureza nenhum objeto correspondente, ou você conhece algum objeto material como o nome de memória ou imaginação? Investigar a natureza, seus elementos e propriedades é tarefa das Ciências da Natureza.

Aristóteles Metafísica Conhecimento (trecho III) + questões

Filosofia

Metafísica

Aristóteles

(trecho III)

 

Pareceria que para efeitos práticos a experiência não é de modo algum inferior à arte; com efeito, vemos homens de experiência tendo mais sucesso do que aqueles que possuem a teoria sem experiência. A razão disso é que a experiência é conhecimento de coisas particulares, ao passo que a arte trata de coisas universais; e as ações e os efeitos que produzem se referem ao particular. (…) Assim, se um homem tem teoria sem experiência e conhece o universal, mas não o particular nele contido, com freqüência falha no seu tratamento, pois é o particular que deve ser tratado. No entanto achamos que o conhecimento e a eficiência são antes questão de arte que de experiência e supomos que os artistas são mais sábios que os homens apenas experientes (o que implica que em todos os casos a sabedoria depende sobretudo do conhecimento), e isso porque aqueles (os artistas) conhecem a causa, e estes (os homens experientes) não. Pois os homens de experiência conhecem o fato mas não o porquê, enquanto os artistas conhecem o porquê e a causa. Pela mesma razão estimamos mais os mestres de toda profissão e achamos que sabem mais e são mais sagazes que os artesãos, pois os mestres conhecem as razões das coisas produzidas; (…) Assim os mestres são superiores em sabedoria não porque podem fazer coisas, mais porque possuem uma teoria e conhecem as causas.

Questões

  1. Segundo Aristóteles a experiência consiste em que tipo de conhecimento?
  2. Qual a diferença entre a experiência e a arte?
  3. “…a arte trata de coisas universais; e as ações e os efeitos que produzem se referem ao particular.” Explique esta afirmação do filósofo.
  4. Sob que argumento Aristóteles sustenta que os artistas são mais sábios que os homens apenas experientes?
  5.  “…os mestres são superiores em sabedoria”. Qual o argumento utilizado por Aristóteles para sustentar esta afirmação?

Aristóteles Metafísica O Conhecimento (trecho II) + Questões

(…) A raça humana vive também de arte (techne) e raciocínio. É pela memória que os homens adquirem experiência, porque as inúmeras lembranças da mesma coisa produzem finalmente o efeito de uma experiência única. A experiência parece muito semelhante à ciência e à arte, mas na verdade é pela experiência que os homens adquirem ciência e arte; pois, como diz Pólo com Razão, “a experiência produz arte, mas a inexperiência produz o acaso.” A arte se produz quando, a partir de muitas noções da experiência, se forma um único juízo universal a respeito de objetos semelhantes.

Questões

  1. De acordo com Aristóteles, além das necessidades materiais básicas, de que vive a raça humana?
  2. O que significa a expressão “techne”?
  3. Através de que capacidade os seres humanos adquirem experiência?
  4. Ciência e arte se adquirem através de quê?
  5. Que afirmação encontramos sobre a relação experiência/inexperiência?
  6. O que Aristóteles afirma sobre a produção artística?
  7. Explique o que significa a expressão “juízo universal”?

Aristóteles Metafísica O conhecimento (trecho 1) + Questões

Aristóteles

Metafísica

O Conhecimento

Por natureza, todos os homens desejam conhecimento. Uma indicação disso é o valor que damos aos sentidos; pois, além de sua utilidade, são valorizados por si mesmos e, acima de tudo, o da visão. Não apenas com vistas à ação, mas mesmo quando não se pretende ação alguma, preferimos a visão, em geral, a todos os outros sentidos. A razão disso é que a visão é, de todos eles, o que mais nos ajuda a conhecer coisas, revelando muitas diferenças.

Ora, os animais nascem por natureza com o poder da sensação, daí adquirindo alguns a capacidade da memória, enquanto outros não. Por conseguinte, os primeiros (os que possuem a capacidade da memória) são mais inteligentes e capazes de aprender do que aqueles que não podem se lembrar. Aqueles que não ouvem sons (como a abelha ou qualquer criatura semelhante), são inteligentes, mas não conseguem aprender; só são capazes de aprender os que possuem esse sentido (a audição), além da capacidade da memória.

Questões

  1. O que Aristóteles afirma sobre a relação do homem com o conhecimento?
  2. Ao primeiro parágrafo Aristóteles valoriza muito um de nossos sentidos, que sentido é esse? E por qual razão Aristóteles valoriza esse sentido?
  3. Explique o seu entendimento em relação à expressão “poder da sensação”.
  4. O que Aristóteles afirma em relação à memória?